terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O Natal do meu descontentamento!



 Queria tanto falar do Natal,
Mas não sei o que dizer.
Ao pensar nesta coisa surreal,
Que está acontecer.

Por isso, não sei como iniciar um diálogo
Que fale do espírito natalício;
Da Manjedoura e de Belém;
De S. José e da Virgem Mãe;
Das criaturas que fazem o Bem;
Deste mundo onde há tanta criança
Com fome, e o coração cheio de esperança...

E era disto que eu queria falar,
Mas não consigo!

Nem sequer sou capaz de desejar,
A todos as criaturas da Terra,
Um Natal pleno de Amor e Paz.
Porque o pensamento não deixa,
E por isso não sou capaz.

E então prevejo um Natal sem história,
No qual não me revejo,
Nem quero guardar na memória!

Um Natal de loucos!
Onde as aves “diriam” que os homens
De tudo são capaz.
Que andam aos tiros uns aos outros,
E nem a elas deixam em paz!

E por isso penso:
Então que Natal é este, home,
Se os anafados se riem,
E os pobres choram com fome?

Sim. Que Natal é este, meu amigo,
Se não há equidade nem Amor,
Nem pão para repartir contigo,
Como nos ensina o Senhor!?

Por isso, a chama morre no peito,
Dos pobres sem-abrigo.
E dos que querem trabalhar,
E, envergonhados, definham no seu lar!
Onde a lareira não tem chama,
Nem a panela que comer.
E os humildes vão para a cama,
Junto ao rio, lá no cais,
Onde não há amor nem chama,
Nem sinal de bons Natais!

Sim, meu irmão,
Então que Bom Natal te posso desejar,
De consciência limpa e nua,
Se te mandam emigrar,
Para uma nação que não é tua.
Enquanto se banqueteiam, lautamente,
Em repastos com a sua gente,
E os amigos da “ Trama Freudiana”,
Que te obrigam a trabalhar mais, e receberes menos grana...

Sim, meu amigo,
Com tudo isso a perturbar o meu espírito de Natal,
Como posso estar de bem comigo,
Sem me revoltar contra o mal,
E aqueles que nos dizem que se é pobre por opção,
E se é rico por ambição?

Os mesmos que tiram direitos aos necessitados,
E distribuem benesses pelos afortunados!
Que se dizem servidores do povo,
E lhe retiram o que lhe pertenceu, e é seu!...

E pior ainda, fazem isso com ar de “inocentes”,
Enquanto esfregam as mãos de contentes!

Por isso, meu irmão, meu amigo,
Companheiros de outros Natais,
É que eu penso que o “deus dinheiro”,
É capaz de perverter o coração dos mortais,
E acabar com o espírito do Natal!

     Dezembro/ 2012

  (A publicar no meu próximo livro de Poesia)

Noites de Natal




Numa noite húmida e fria,
Nuns estábulos em Belém,
Uma criança nascia,
Filho da Virgem Maria,
Sua mãe.

E dois mil anos passados,
E num Inverno também,
Sem agasalho e ao frio,
Em Belém e mais além,
Choram crianças sem pai,
Choram crianças sem mãe,
Choram crianças sem pão,
Choram crianças sem amor,
Choram crianças com dor.

Oh!, meu Deus,
Como é possível tal,
Haver tanta criança a chorar,
Numa noite de Natal!


    Publicado no Livro: "O Acordar das Emoções"- Tartaruga- Editora







domingo, 23 de novembro de 2014

O Abandono ( A porta caída)


Fostes árvore, sombra e companhia.
Criaste frutos, ofereceste alimento.
Depois morta, serrada e oprimida,
O artífice fez-te instrumento.
Polida tiveste outra cor,
Ouviste segredos de amor,
Serviste de guarida e de prisão,
Para agora, velha e apodrecida,
Jazeres caída no chão.


  ( Publicado no Livro: " O Clamor dos Campos" - Edições Colibri )


Opiniões




Hoje,
Ouvi alguém dizer:
Deviam ser todos julgados,
Fossem operários ou doutores...

E então pensei,
Em alguém que é ordeiro:
Lá isso é verdade,
Bem o sei,
Mas quem julga primeiro,
Os julgadores?

           B.P. 1985


   (A publicar no meu próximo livro de poesia)