domingo, 23 de fevereiro de 2014

Pais Sem Tempo


         

Olham-se num longo beijo apaixonado,
Como se a ausência tivesse sido eterna. 
Olhos nos olhos, ignoram tudo a seu lado,
Até o filho que vem ao colo dela,
Dormindo serenamente, aconchegado.

E novo olhar e outro beijo comovente.
Neles só os olhos falam, porque talvez
Os lábios não saibam que dizer mais,
Diante de quem dorme profundamente,
Alheio ao silêncio dos seus pais.

Só depois se ouvem as primeiras palavras,
Daquela menina mãe:
- Vês, meu amor, este é o nosso filho!
Estás contente?
E o menino, seu pai, beija-os ternamente.

Depois, olham-se novamente em silêncio,
Com a esperança, talvez,
Que haja em casa uma avó querida,
Capaz de criar os três!



(Publicado no livro: "Passagens e Afectos" - Tartaruga)


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Conselhos da minha mãe



Mãe,
Parece que te estou a ouvir:
- Meu filho, interroga a consciência,
E ouve o que tem para te dizer.
E não te esqueças que o respeito é uma exigência,
E dá-lo e exigi-lo, é o que sempre deves fazer!

E mais me disseste ainda:
Que não fizesse de meu, o que não me pertencia,
Porque alguém na praça mo pediria.
E que a mentira leva o homem à perdição,
E que nunca fosse ladrão,
Porque um homem de “cara-lavada”,
Enfrenta uma multidão.

Obrigada, minha mãe,
Pelos teus conselhos com sentido,
Que guardo no coração, agradecido!




(Publicado no livro: "O Clamor dos Campos" - Edições Colibri) 



         

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Os Meus Arco-Íris


Gosto dos arco-íris, 
Porque a minha mãe me disse
Que era por eles que Nossa Senhora
Descia do Céu à Terra.

E quando um dia vi dois arco-íris,
Lado a lado, e lhe perguntei se havia
Duas Nossas Senhoras para vir,
Ela sorriu para mim e disse:
- Olha, meu filho,
Um é para Nossa Senhora descer.
O outro é para Nossa Senhora subir.



Publicado no livro: "Passagens e Afectos" - Tartaruga