domingo, 23 de novembro de 2014

O Abandono ( A porta caída)


Fostes árvore, sombra e companhia.
Criaste frutos, ofereceste alimento.
Depois morta, serrada e oprimida,
O artífice fez-te instrumento.
Polida tiveste outra cor,
Ouviste segredos de amor,
Serviste de guarida e de prisão,
Para agora, velha e apodrecida,
Jazeres caída no chão.


  ( Publicado no Livro: " O Clamor dos Campos" - Edições Colibri )


Opiniões




Hoje,
Ouvi alguém dizer:
Deviam ser todos julgados,
Fossem operários ou doutores...

E então pensei,
Em alguém que é ordeiro:
Lá isso é verdade,
Bem o sei,
Mas quem julga primeiro,
Os julgadores?

           B.P. 1985


   (A publicar no meu próximo livro de poesia)



segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Pão por Deus



 
Eram duas crianças,
Como foram os filhos meus.
Bateram à minha porta,
Pediram o pão por Deus.

Traziam consigo outro pão,
Ao contrário de outros tantos.
E alimentavam uma chama,
No dia de Todos os Santos.

Numa época de descrença,
Neste mundo de aflitos,
É dos gestos das crianças,
Que brotam feitos bonitos.

Porque é sempre nas crianças,
Como foram os filhos meus,
Que habitam as esperanças,
Que haja sempre o pão de Deus.


   


   Publicado no Livro: "Passagens e Afectos" - Tartaruga Editora