domingo, 31 de dezembro de 2017

Dia de Reis - Memórias




Com que saudade recordo,
O dia seis de Janeiro,
Em casa dos meus avós maternos.
Quando eu adormecia ao colo do avô Luciano,
Sentado no velho escano de madeira,
Junto da lareira, a crepitar sons eternos.
E a avó Merência, com a sua sábia sapiência,
Nos narrava a viagem dos Reis Magos,
A caminho de Belém,
Para adorarem o Deus Menino,
E a Virgem Maria, Sua Mãe.
E depois, filhos, netos e criados,
Todos cantavam:

“Já os três Reis são chegados,
Às portas do oriente,
Visitar o Deus Menino,
Alto Deus omnipotente.

Foram a casa e Herodes,
Por ser o maior reinado,
Que lhes ensinasse o caminho,
Onde Deus era adorado.

Mas Herodes era malvado,
Perverso e assassino.
E aos Três Reis ele ensinou,
Às avessas o caminho.

Mas os três Reis eram santos,
E uma estrela os guiou.
Para trás de uma cabana,
A estrela de abaixou.

A cabana era pequena,
Não cabiam todos três,
Adoraram o Deus Menino
Cada um por sua vez”.

      João de Deus Rodrigues – Janeiro de 2018


terça-feira, 26 de dezembro de 2017

UMA SÚPLICA A 2018





Ano Novo, meu amigo,
Não passes depressa,
Que me levas contigo.
E dá-me o que te peço,
A mim e a toda a gente:
Saúde e paz, amor e alegria,
Honestidade e inteligência,
E o pão nosso de cada dia.

E traz-nos o calor do sol;
O cintilar das estrelas;
A bênção salvífica da água;
O murmúrio das fontes;
O trino do rouxinol;
O cheiro dos montes;
Os campos de trigo,
E o abraço do amigo!

E fazei, também,
Com que os frutos da terra,
E os peixes do mar,
Sejam divididos,
Com justiça e equidade,
Por todas as pessoas da Cidade.
Sem ter em conta a cor,
O sexo, o credo, ou a idade.

E finalmente,
Protegei todas as crianças.
E livrai-nos da fome,
Da peste e da guerra.
Para que haja Paz,
Pão e Esperança,
Nas casas de toda a gente,
Que habita na Terra.

           DESEJO A TODOS BOM ANO NOVO, 2018

                                         João de Deus Rodrigues

                                       

domingo, 3 de dezembro de 2017

Não gosto do Pai Natal...


 
Não gosto do pai natal,
Ponto final.

Mas não gosto do pai natal,
Por ele ser um cavalheiro barrigudo,
Com barbas brancas e um saco encarnado ao ombro,
Onde finge que leva brinquedos para dar às crianças,
Com aquele ar bonacheirão, no seu:
Hou!…, hou!…, hou!…
Quando vem no trenó, puxado por renas mansas,
A escorregar na neve até parar em frente
De um supermercado, apinhado de gente,
Com uma campainha na mão,
A acenar para crianças inocentes,
Com um olho nos pais, babados e contentes,
Convidando-os a entrar para comprarem uma pistola,
Ao rebento, com ar de mariola, ou um carro de combate
Que trepa pelas paredes, aos tiros, e não há quem o mate.

Não. Não é por isso que eu não gosto do pai natal.
É sim, porque vejo nele o produto acabado
De uma sociedade consumista, tal qual.
Que foi capaz de fazer esquecer o Presépio,
E o espírito, místico, do Natal.
Com o Menino Jesus deitado na palhinha,
No meio de Maria e de José, junto da vaca e da burrinha,
Para nos provar que Nasceu para nos salvar.

Mas este mítico testemunho celestial,
Deixou de figurar nas montras iluminadas da cidade.
Onde outrora, velhos, novos e crianças, de qualquer idade,
Paravam para ver o Deus Menino que veio ao mundo,
Para nos anunciar o Amor a Paz e a Liberdade.
E agora anda tão esquecido, também por culpa da igreja,
Que quase se esqueceu do Presépio, e isso não é coisa que se veja!
Por isso, espero um dia não entrar numa igreja paroquial,
E ver no Presépio o Menino Jesus deitado, vestido de Pai Natal,
Quem sabe se triste e sozinho, a pensar:
Ó Minha Gente amada, olhai para Mim,
E não me Deixeis ficar aqui, assim vestido,
Porque Me apetece chorar, e isso não faz sentido!

   In Livro “O acordar das emoções” – Tartaruga - Editora

       FELIZ NATAL - 2017

        João de Deus Rodrigues