sábado, 24 de março de 2018

Domingo de Ramos (tempo de Quaresma)


  
A Quaresma está a findar,
E eu pergunto o que fiz,
Neste tempo de oração,
Que me possa identificar,
Com sendo bom cristão.

E chego à triste conclusão,
Que na Quaresma nada fiz,
Para que Deus me dê perdão,
Para neste mundo ser feliz,
Com a Sua Ressurreição.

Não visitei um enfermo,
Não fiz abstinência ou jejuei,
Comi carne à sexta- feira,
Ao sexto dia não descansei.
Nem no domingo me confessei.

Nem fui à prisão ver um preso,
Que pode ser culpado ou inocente.
Pois não condenaram Cristo,
A pedido de muita gente,
Depois da Sua Aclamação?

Quando Ele veio para nos salvar,
E não para fazer mal a alguém.
Nem mesmo quando expulsou
Os vendilhões do Templo,
Na cidade Santa de Jerusalém.

Amanhã é domingo de Ramos,
Dia de benzer ramos de oliveira,
Folhas de palma, ramos de alecrim.
A caminho da igreja, na procissão,
Eu vou lá estar com o meu ramo,
E com pena de não ser bom cristão.  

Por isso vou pedir perdão a Deus,
Num humilde Acto de Contrição,
Pelos meus pecados e os teus,
Para que Ele nos conceda o perdão.

     João de Deus Rodrigues - 24 de Março de 2018

quarta-feira, 21 de março de 2018

Aos poetas ausentes


Poetas,
Vós que descansais
No Reino de Deus,
Aonde creio que estais,
Eis-me aqui a suplicar,
Que não olheis para a minha poesia.
Embora saibais 
Que ela brota de mim, sincera,
Para o vento a levar aos homens da serrania.
Porque são eles a dizer,
Que os homens da cidade 
Não a podem compreender!

Mas é bom saber,
Que o vento leva a poesia,
Aos homens da serrania.
Por isso, poetas,
Ausentes e presentes,
Fazei como eu,
E exultai comigo e com eles,
Fraternalmente,
Porque a Poesia não morreu.
Ela viverá eternamente!

In Livro " Memórias e Divagações" - Poética Edições

         21 de Março, Dia Mundial da Poesia. VIVA A POESIA
                          João de Deus Rodrigues





terça-feira, 20 de março de 2018

Ode a uma árvore


Árvore, minha irmã na natureza,
De ti recebo seiva, sombra e frutos.
E foi contigo que aprendi, também,
A amar a tua generosidade e beleza,
Com a ajuda do saber da minha mãe.

Quando os meus olhos castanhos,
Se deleitavam a contemplar  
Os teus braços fortes e delicados,
A dançarem com o vento norte.  
Quando acolhiam as avezinhas,
No jardim, na floresta ou no deserto,
Para construírem seus ninhos,
Virados para o céu aberto.

E foi com o dançar dos teus ramos,
E o som harmonioso da sua folhagem,
Nas calmas manhãs de Primavera,
Que uma constante e suave aragem
As fazia balançar, qual quimera,
Que eu imaginei cantares Gregorianos,
Numa catedral com mais de mil anos.

E também foste tu, querida árvore,
Que me ensinaste a crescer.
Quando convivíamos lado a lado,
E eras tão frágil quanto era eu,
Também há pouco tempo nado,
Que se uma delicada borboleta
Pousasse em ti não a podias suportar,
Nos teus bracinhos virados para o céu,
À espera da chuva e da luz solar.

Até que te tornaste um gigante,
De tronco forte e braços enormes,
Capaz de enfrentar a todos os momentos,
A incúria do homem e a fúria dos elementos.
Por isso, quero crer que vais morrer de pé,
Mas se tal não acontecer, podes acreditar,
Que eu, abraçado ati, de certeza vou chorar.

In Livro “O Clamor dos Campos” - Colibri Edições
            (Poema alterado)