sábado, 26 de maio de 2018

A chegada dos piercings à Capital…



A Capital, de repente, perdeu a virgindade; 
Os bilhetes operários; o hábito de as mulheres
Andarem a varrer a rua com a saia;
Os homens deixaram de ir de fato e gravata para a praia;
Os fumadores deixaram de deitar o fumo do cigarro 
Na cara das senhoras, nos eléctricos dos Prazeres e da Graça...;
Os namorados para darem um beijo terem que esperar
Pelos arraiais dos santos populares, ou ir a Feira Popular
Para dar uma voltinha no comboio fantasma….

De facto, tudo isto, de um momento para o outro, deixou de fazer
Parte da história e foi lançado ao rio, às ninfas do Tejo,
Quando o eco das avenidas convidou ao prudente silêncio nas vielas.
Porque o futuro da cidade, passava pelos piercings das donzelas,
Que, de umbigo à mostra e mamilos arrebitados, faziam rejubilar
Os deuses e os rapazes, a dizerem para elas:
- Ó minha coisinha boa, tens cá uma barriguinha,
Para fazer pressão sobre a minha...
E era lesta a gargalhada delas, que, de pronto os abraçavam e respondiam ao remoque do gracejo:
- Mas que ternura meu amor, meu anjo sedutor! 
E logo ali, em frente de toda a gente, se davam na boca um beijo,
E se sentavam na esplanada, a beber cerveja, cheios de amor!

Isto, nos ternurentos anos setenta do século XX, da era do Senhor…

            In Livro “ Memórias e Divagações” – Poética Edições.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

O fogo.



No princípio,
No concílio do Poder,
Ordenaram-te os deuses:
Vai, leva luz às trevas,
E dá sentido à claridade.
O Universo é teu.

Partiste como um raio,
E veio contigo o poder.
Esse ímpeto destruidor.
E arramaste pelo mundo,
O acalento das chamas,
E a beleza da tua cor.

Mas, ao mesmo tempo,
Também foste o portador,
De alegria e sofrimento,
E de muita lágrima e dor!

In livro “Passagens e Afectos” – Tartaruga Editora

sábado, 5 de maio de 2018

Poemas para a minha Mãe



Mãe,
Se eu fosse pintor e soubesse pintar,
Pintava o teu retrato, numa folha de papel.
Utilizaria espátulas, penas e as cores mais belas.
E macios pincéis, para não ferir a tua pele. 

O teu retrato seria leve como o vento,
E fluente como a luz.
E os teus olhos ficariam lindos,
Como eram, cheios de amor.
Seria um retrato que os Mestres
Teriam pena de não ter pintado,
E os vindouros não saberiam fazer igual.
Serias tu, minha mãe, como eras, tal qual,
E não lhe punha qualquer moldura,
Para não o adulterar.
E depois de pronto, pendurava-o ao peito,
Junto a ti, no seu lugar.

…E se eu fosse poeta?


Ah!, se eu fosse poeta, minha Mãe,
E soubesse fazer um poema,
Escrevia-o para ti.
Seria um poema cheio de cor e melodia,
Onde cantaria como és linda,
E quanto eu gosto de ti.

Seria o poema mais belo da terra e do céu.
E depois, encostado ao teu peito,
Recitava-to, em solene harmonia,
E pronto, dava-to, era teu.
E seria a minha alegria.

In Livro “O acordar das emoções” – Tartaruga Editora

terça-feira, 1 de maio de 2018

MÊS DE MAIO:

MÊS DE MAIO: Dia do Trabalhador. Mês De Maria e das Rosas.


  DIA DO TRABALHADOR,

Todo o trabalho,
Tem dignidade.
É com o trabalho,
Que se ergue a Cidade.


Todo o trabalho,
É útil e compensa.
Porque é com ele,
Que se enche a despensa.

Mas atenção:
Viver para trabalhar?
Sim.
Trabalhar para viver?
Não.


  O MÊS DAS ROSAS.

Rosa, a mais bela flor,
para o altar de Maria.
Rosas, a melhor oferta
para dar ao nosso amor.