quarta-feira, 21 de novembro de 2018

A MULHER.


Mulher,
Quando a história do mundo se fizer,
Colocadas as coisas no seu lugar,
No topo da glória imortal,
Figurarás tu, pois então.
Como um Ser perfeito que Deus fez,
No sexto dia da Criação.


E nesse dia da Criação, o Mestre,
Depois da Obra concluída,
Olhou para ti, e disse de seguida:
Tu serás o único Ser, também,
A gerar vida, à Minha imagem e semelhança,
Por isso, além de Mulher, também serás Mãe.
E observando-te uma vez mais,
Maravilhado com a harmonia do teu semblante,
Acrescentou: e também serás Amante.

Mas ainda eras só uma estátua de barro, inanimada.
Então o Senhor colocou a sua mão sagrada
Sobre o teu peito, e soprando sobre ele disse:
Haja vida em ti, Mulher,
E olha para Mim e sorri, para Eu te ver.

E tu assim fizeste, majestosamente,
E, então, o Senhor ordenou:
Mulher, de ora avante,
Além de mãe e de amante,
Também terás o Amor mais profundo
De todas as criaturas do Mundo.
Vai. Cumpre a missão que te couber,
Que foi para isto que te Fiz mulher.

Oh!, como Vos agradeço Senhor,
Por Teres feito a mulher como a fizeste:
Bela, sensual, encantadora e inteligente.
Uma criatura com sensibilidade enorme,
Que cumpre a missão que lhe Incumbiste,
E muitas das tarefas do homem.

Por isso, obrigado Senhor,
Porque foi feita a Vossa vontade,
E tudo está conforme.

In Livro“ O acordar das Emoções“ – Tartaruga Editora

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Poema para os meus filhos.


Poema para os meus filhos.
            (soneto)



Lá longe, além do mar,
Havia gente de duas cores,
Que pensava em matar,
Em vez de plantar flores.

O homem faz a guerra e a paz,
Deus concedeu-lhe esse poder.
Por isso ele é um Ser capaz
De matar o irmão, para viver.

No mundo há estas contradições,
A que o homem podia por termo,
Se não tivesse estas ambições:

Dominar povos e nações,
Que também querem ser livres,
E viver sem amarras nem grilhões.


                      João de Deus Rodrigues.
 
                            Lisboa, Abril de 1976

domingo, 18 de novembro de 2018

OS POBRES



Ninguém há de parar,
O grito e o lamento,
Que lancei ao mar,
E semeei no Vento.
Cheio de esperança na equidade,
Para que se entenda esta simples verdade:
A pobreza é culpa do Homem!
Porque há tanto pobre,
Que nada fez para ser pobre,
E tanto rico que se serve deles, para ser rico,
Que o meu pensamento deixa de ser nobre,
Na revolta com que fico,
Ao ver caídos no alheamento,
Os que estendem a mão,
Mendigando a caridade,
Das migalhas que sobram,
Dos jantares lautos,
Dos donos da Cidade.

(Onde a opulência e a usura campeiam,
E a luxúria e o despotismo se enleiam.)

Mas os pobres,
Filhos de pobrezinhos,
Que de seu só têm ruas para mendigar,
Hão de um dia deixar de o ser!
Quando se ouvir o lamento,
Que semeei no vento,
E o grito, que lancei ao mar:
A pobreza é culpa do Homem!
Por isso,
Senhores da Cidade,
Escutai a minha angústia,
E a límpida verdade,
Que tenho para vos dar:
Quem tira aos pobres rouba a Deus,
E todos temos contas para Lhe prestar.

        João de Deus Rodrigues

In Livro, “O a acordar das emoções” – Tartaruga Editora

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

O Homem da Lua


                                                           
               
                           A horta, regada que dava gosto,
                           O cavalo, refeito no lameiro,
                           No céu, lua cheia, luar de Agosto,
                           À porta, sentados tu e eu ao paleio.

                           A Lua convidava à sua história:
                           Noite quente, céu aluarado,
                           A paz absoluta, o sossego na alma,
                           Em baixo, o Sabor adormecia calado.
                           Na nória, o som das últimas gotas de água a cair.
                           Ao lado, o grilo cantava,
                           E na ponta da língua, uma pergunta a sair:
                           - Avô, por que é que agora parece dia,
                             e por cima de nós a lua é redondinha?
                           - Foi Deus, meu filho. Que Ele seja louvado.
                           - E aquilo, no meio dela, é uma árvore?
                           - Não. É um homem, que por não ir à missa,
                             foi para lá condenado.
                           - O que é um homem condenado, avô?
                             E não tem pernas nem braços?...
                           - Um homem condenado, meu filho,
                             é aquele desgraçado.
                           - E se ele sair de lá e for à missa, dás-lhe de comer?
                           - Não é capaz de sair,
                             só sai quando o mundo morrer.                                                      
                           - E quando morre o mundo, avô?
                           - Quando ele acabar o seu degredo.                                                    
                           - O que é o degredo, avô. Fazes ideia?
                           - O degredo, meu filho, é o homem ter medo,
                              inveja e preguiça.                                                  
                           - Avô, o homem da Lua tem uma candeia?
                           - Olha meu filho, ele é velhinho de barbas brancas...                                             
                           - Avô vamos dormir, leva-me à missa,
                             eu não quero ir para a Lua. 


                                                                           
                                (*) Poema (revisto) In livro: “Talhas- memórias de uma aldeia medieval transmontana”


domingo, 11 de novembro de 2018

NÃO À GUERRA, SIM À PAZ !


Homem, precisas de gritar,
Tanto quanto fores capaz:
Não a novas guerras,
Sim à concórdia e à Paz.


Lança este teu grito,
Até onde o vento o levar.
Para que se oiça na terra,
No céu e no mar.

Neste Mundo tão aflito,
Onde o dinheiro tudo faz,
É urgente ouvir teu grito:
Não à guerra, sim à Paz.

E lembra-te, Mulher,
Que não haverá mais guerra,
Se o homem assim quiser.
Mas sim, harmonia e paz na Terra.

11 de Novembro, de 2018.
Centenário do fim da Primeira Grande Guerra.

João de Deus Rodrigues
A imagem pode conter: planta, flor, árvore, ar livre e natureza

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

O Cair da neve



Como me recordo, ainda,
De ir ver a neve a dançar.
Quando, sentado à lareira,
A crepitar,
A minha mãe me dizia:

Olha, meu filho, vai à janela
Se queres ver os cueirinhos
Do menino Jesus,
Rotos e branquinhos,
Que a sua mãe esta a sacudir,
Das janelas do céu.

E eu, inocente,
Ia ver a neve cair,
E ficava contente.
E como era branquinha,
E não cheirava, comia-a,
E acreditava.

            (poema alterado)

In Livro “Passagens e Afectos” – Tartaruga Editora.