UM VIVA À POESIA
“Eu acredito na força do sentimento
poético”
(Matilde Rosa Araújo)
Escrever
Poesia...
Então, pego numa folha de papel,
E começo a
escrever Poesia,
Absorto nos
pensamentos,
Alheado da
fantasia.
Escrevo uma
página inteira.
Depois,
escrevo outra, e outra...
Tantas
páginas a escrever!
Como se o mundo
não existisse,
Nem eu
fizesse parte dele.
Acordo já
noite avançada,
E então leio
e medito:
Que Poesia
posso eu escrever,
Que palavras
posso eu dizer,
Que outros
não tenham dito?
Sim, que
posso eu poetar,
Que os Poetas
não tenham escrito?
Que posso eu,
pobre coitado,
Emprestar à
Poesia,
Que os Poetas
não tenham cantado:
A Mãe e o
Amor; as Estrelas e o Mar;
A Família e
os Amigos; a Lua e o luar;
A Guerra e a Paz;
os Mártires e os Heróis;
A Sorte e o Azar;
a Vida e a Morte;
O Céu e a
Natureza; a Vileza e a Palavra honrada;
A Morte e a Dignidade;
o Amante e a Amada;
O Velho e a Criança;
a Fé e a Esperança;
O Pecado e a Justiça;
a Diligência e a Preguiça...
Enfim,
Já tudo foi
escrito e dito,
Cantado e poetado,
Sem ser por mim,
Nem se
gastarem as palavras.
Então que
posso eu dar à Poesia,
Que outros
não lhe tenham dado?
Mas depois
pensei assim:
Ah!, já sei,
Dou-lhe o meu coração.
Porque esse,
ninguém lho pode dar por mim!
Livro “ O Acordar das Emoções”
- Tartaruga