Não gosto do pai natal,
Ponto final.
Mas não gosto do pai
natal,
Por ele ser um cavalheiro
barrigudo,
Com barbas brancas e um
saco encarnado ao ombro,
Onde finge que leva brinquedos
para dar às crianças,
Com aquele ar bonacheirão,
no seu:
Hou!…,
hou!…, hou!…
Quando vem no trenó, puxado
por renas mansas,
A escorregar na neve até parar
em frente
De um supermercado, apinhado
de gente,
Com uma campainha na mão,
A acenar para crianças
inocentes,
Com um olho nos pais, babados
e contentes,
Convidando-os a entrar para
comprarem uma pistola,
Ao rebento, com ar de mariola, ou um carro de combate
Que trepa pelas paredes, aos
tiros, e não há quem o mate.
Não. Não é por isso que
eu não gosto do pai natal.
É sim, porque vejo nele o
produto acabado
De uma sociedade
consumista, tal qual.
Que foi capaz de fazer
esquecer o Presépio,
E o espírito, místico, do
Natal.
Com o Menino Jesus deitado
na palhinha,
No meio de Maria e de José,
junto da vaca e da burrinha,
Para nos provar que Nasceu
para nos salvar.
Mas este mítico testemunho
celestial,
Deixou de figurar nas
montras iluminadas da cidade.
Onde outrora, velhos, novos
e crianças, de qualquer idade,
Paravam para ver o Deus
Menino que veio ao mundo,
Para nos anunciar o Amor
a Paz e a Liberdade.
E agora anda tão esquecido,
também por culpa da igreja,
Que quase se esqueceu do
Presépio, e isso não é coisa que se veja!
Por isso, espero um dia não
entrar numa igreja paroquial,
E ver no Presépio o
Menino Jesus deitado, vestido de Pai Natal,
Quem sabe se triste e sozinho,
a pensar:
Ó Minha Gente amada, olhai
para Mim,
E não me Deixeis ficar
aqui, assim vestido,
Porque Me apetece chorar,
e isso não faz sentido!
In Livro “O acordar das emoções” – Tartaruga -
Editora
FELIZ NATAL - 2017
João de Deus Rodrigues
FELIZ NATAL - 2017
João de Deus Rodrigues
Um poema muito lúcido. Realmente o Pai Natal é fruto de uma sociedade consumista. Claro que as crianças gostam, mas há tantas crianças que passam necessidades. E, para essas, onde está o pai natal?
ResponderEliminarUm abraço e desejos de um bom Natal e de um ano novo melhor.