É Outono,
E o vento abraça
parras sem dono,
E leva-as com ele,
bailando no ar,
Para as lançar ao
mar.
Enquanto em baixo
corre o Douro,
Serpenteado e
bravio,
Ladeado de
socalcos cor de ouro,
Com gente a
vindimar ao desafio.
Gente rija e
calejada como o rio,
Que os viu crescer
junto do seu leito.
Gente que trabalha
e canta ao desafio,
Velhas canções gravadas
no seu peito.
Com vozes firmes e
timbradas,
Que ecoam sobre o
vale,
Para irem ao
encontro das águas prateadas,
Que as embalam, docemente,
até ao mar.
Que as recebe
contente, porque conhece bem
O cheiro do mosto
doce, quente e repisado,
Das uvas que o
Douro tem.
Com o qual se faz um
vinho divinal,
Que alegra o
coração do mundo,
E a alma das
gentes de Portugal.
Um néctar que os deuses
saboreiam no céu,
Em dias de festa
celestial.
Que é fruto do
saber do homem,
E do calor do sol que
o amadurece.
Com a ajuda do
orvalho matinal,
E das belezas naturais
que o rio lhe oferece.
in, Livro "Memórias e Divagações" - Poética Editora
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