Foi antanho, é passado,
Mas a memória devolve tudo:
Uma mulher, a roca, o linho fiado,
Mas não se fiavam as barbas ao
Entrudo!
Mão ágil, fósforo aceso, a estopa
queimada.
Uma pedra que sai da mão,
E a cabeça rachada, ao carpinteiro
João.
Uma mulher, as estopas a arder,
A ousadia, o drama, a agressão.
Porque os homens da aldeia faziam tudo,
Para que não se fiassem as barbas
ao Entrudo,
Para manter viva a tradição.
Enquanto na cozinha, à luz da
candeia,
Quatro gerações junto à lareira,
Festejavam o carnaval, sem
máscaras,
Essas coisas do demónio tentador.
Porque só eram permitidas
brincadeiras
De deitar farinha na cabeça,
E contar “estórias”, não muito
brejeiras…
E toda aquela boa gente,
De cara descoberta, alegre e
contente,
Passava a noite de carnaval,
Com uma estridente gargalhada,
Até ao clarear da madrugada...
Era assim o Carnaval na minha
infância,
Em casa dos meus avós maternos,
A tão longa distância…
Onde não eram conhecidos corsos
carnavalescos,
Nem desfiles de samba, com foliões
pitorescos…
Desejo a todos os meus amigos um BOM
CARNAVAL 2016.
João de Deus Rodrigues
Meu caro João de Deus,
ResponderEliminarAqui está um bom poema para a Revista Raízes, que gosta de as recordar.
Abraço amigo e terraquentense,
Jorge Sales Golias
Gostei e quase me senti na sua terra.
ResponderEliminarQue maravilha!
Obrigada pela partilha.
Um abraço.