A Capital, de
repente, perdeu a virgindade;
Os bilhetes
operários; o hábito de as mulheres
Andarem a varrer a
rua com a saia;
Os homens deixaram
de ir de fato e gravata para a praia;
Os fumadores deixaram
de deitar o fumo do cigarro
Na cara das senhoras, nos eléctricos dos Prazeres e
da Graça...;
Os namorados para
darem um beijo terem que esperar
Pelos arraiais dos
santos populares, ou ir a Feira Popular
Para dar uma
voltinha no comboio fantasma….
De facto, tudo
isto, de um momento para o outro, deixou de fazer
Parte da história
e foi lançado ao rio, às ninfas do Tejo,
Quando o eco das
avenidas convidou ao prudente silêncio nas vielas.
Porque o futuro da
cidade, passava pelos piercings das
donzelas,
Que, de umbigo à
mostra e mamilos arrebitados, faziam rejubilar
Os deuses e os
rapazes, a dizerem para elas:
- Ó minha coisinha
boa, tens cá uma barriguinha,
Para fazer pressão
sobre a minha...
E era lesta a
gargalhada delas, que, de pronto os abraçavam e respondiam ao remoque do
gracejo:
- Mas que ternura
meu amor, meu anjo sedutor!
E logo ali, em
frente de toda a gente, se davam na boca um beijo,
E se sentavam na
esplanada, a beber cerveja, cheios de amor!
Isto, nos
ternurentos anos setenta do século XX, da era do Senhor…
In Livro “ Memórias e Divagações” – Poética Edições.
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