Envolto na memória do dia,
Desci ao coração da cidade,
Onde encontrei olhos sem
alegria,
E semblantes sem felicidade!
Então meditei, apreensivo,
No porquê daquele ar medonho.
E quais as causas e o motivo,
Porque as pessoas não creem no sonho,
Quando ainda ontem seguravam
cravos e rosas,
Cuja fragrância era uma imensa esperança,
Para todas as pessoas da global
Cidade,
Que ali encontrei, descrentes,
A olharem para as estátuas das
avenidas,
Que presenciaram, complacentes,
O grito de alma das suas
vidas.
Cheias de esperança num provir que se
esvaeceu,
Como as notas musicais da Lyra
de Orfeu…
Como o testemunhava o estudante,
Que meditava, sentado na esquina
Da movimentada avenida, errante,
Abraçado à sebenta, à capa e à
batina.
Ou o idoso, cansado da
escravidão,
Que ostentava um cartaz no peito,
Onde pedia esmola, com respeito,
Para enganar a dor da sua solidão.
E foi então que pensei:
Mataram o sonho desta gente!
E mais atentamente reparei
No arrulhar de um pombo, ali
presente,
Ao levantar voo para o telhado da igreja,
Onde uma gaivota ferida,
Grasnava de asa partida.
Grasnava de asa partida.
E próximo da emoção,
Retirei-me com necessidade
De respirar novos ares de
mudança.
Porque tudo parecia morto na Cidade,
Excepto o querer da minha esperança.
Porque essa, podem crer,
Será, em mim, a última coisa a
morrer!
Abril de 2012
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