E depois, ali em frente, vejo um
rio,
Abraçado por socalcos dourados,
E gente alegre, cantando ao
desafio
Canções ancestrais,
Gravadas no peito de filhos e
pais,
Que enchiam cestos com uvas
alouradas
Pelo sol e o luar de Agosto,
Que adoçavam o céu com o seu mosto.
Esse néctar sagrado,
Que dá alegria ao deus Baco.
Que dá alegria ao deus Baco.
Era ali o meu Douro!
Com o seu rio selvagem,
A
serpentear,
A caminho do Mar.
Era aquela a minha Gente!
Gente que ouvia cantar em menino,
Quando no Verão subia, de coração
quente,
A outros vales peregrinos,
Pelo calor do sol, de peito
aberto,
Para ceifar o abençoado pão,
Esse maná, que Deus multiplicou
no deserto.
E no vale, junto ao Rio de águas
de prata,
Diante de tamanho encanto,
Entre a Régua e o Pinhão,
Ao som do pregão:
Olha a regueifa!
O comboio sete vezes saudou
O Reino Maravilhoso,
Que o Torga tão bem cantou.
Livro: Passagens e Afectos" - Tartaruga Editora
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