Envolto na memória
do dia,
Desci ao coração
da cidade.
Onde só encontrei
olhos sem alegria,
E semblantes sem
felicidade.
Então meditei,
apreensivo,
No porquê daquele ar
medonho.
E quais as causas
e o motivo,
Por que as pessoas
descriam do sonho.
E cambaleavam na
penumbra dele,
Ao encontro da vil
tristeza.
Quando ontem
sonhavam com cravos e rosas,
Cuja fragrância
era uma imensa esperança,
Que o sonho de
Abril trouxera,
A todas as pessoas
da global Cidade
Que ali encontrei,
descrentes,
A olharem para as
estátuas das avenidas,
Que presenciaram,
complacentes,
Os gritos de alma das
suas vidas.
Cheias de
esperança num porvir,
Que agora se
esvaeceu,
Como as notas
musicais da Lyra de Orfeu.
Como o
testemunhava o estudante
Que meditava,
sentado na esquina
Da movimentada
avenida, errante,
Abraçado à
sebenta, à capa e à batina.
Ou o idoso,
cansado da servidão,
Que ostentava um
cartaz no peito,
A pedir ajuda, com
respeito,
Para enganar a dor
da solidão.
E foi então que
pensei:
Mataram o sonho desta
gente!
E reparei no
arrulhar de um pombo, ali presente,
Que levantou voo
para um telhado,
Onde uma
gaivota, ferida,
Grasnava de asa
partida.
E foi nessa
ocasião que, próximo da emoção,
Me retirei com a
necessidade
De respirar novos
ares de mudança.
Porque tudo parecia
morto na cidade,
Excepto o querer
da minha Esperança.
Porque essa, estou
em crer,
Será, em mim, a
última coisa a morrer.
25
de Abril de 2012
Livro "Memórias e Divagações" - Poética Edições
Sem comentários:
Enviar um comentário