Se eu não
fosse temente a Deus,
Perguntava-Lhe,
humildemente:
Senhor,
porque são os filhos teus,
E sempre os
mais pobres e aflitos,
A pagarem
benesses aos ricos?
Sim,
perguntar-Lhe-ia eu:
Porque são
sempre esses,
A pagar a tanto
figurão,
Cercado de
mordomias,
Que vive do alheio,
os seus dias,
Sem haver para
isso uma razão?
Penso nisto,
Senhor,
Do fundo do meu
coração,
E creio que
não esteja bem!
Porque há os
que não têm o coração no peito,
Mas sim na
palma da mão,
Onde lhes dá
mais jeito…
E a minha
mágoa aumenta de dureza,
Quando um
Elemento da Natureza,
Como é a água,
possa ser oferecido,
Sem razão nem
sentido, a cidadãos
Que juram que
ela, em suas mãos,
Vai ser
tratada e distribuída com equidade,
Na plenitude
da liberdade!
E dizem mais,
esses malabaristas:
Dizem que os
surfistas
Terão sempre
as ondas do mar,
Para surfar.
E que nos
campos golfistas,
Não faltará,
também,
A água dos
lençóis freáticos,
Guardada no
ventre da Terra-Mãe,
Há milhões de
anos,
Para poderem
praticar o golfe,
Com engenho e arte, sem enganos...
Enquanto
dizem ao povo humilde,
Que a chuva
é, de facto, uma dádiva de Deus,
Mas que não
tenham receio de ficar sem água,
Porque eles
tomarão as medidas necessárias,
Normais e
extraordinárias,
Gastando os
seus dinheiros,
Com sábios
técnicos e engenheiros,
Para que a
água não falte no mar,
Nem nos rios,
nem nos ribeiros...
Tão poluídos
que estão eles e o ar,
Coisa que não
querem que aconteça.
E, por isso,
a água deve ser sua pertença,
Porque são eles
que a sabem cuidar.
Ora, Senhor,
isto custa-me a suportar,
Sem que se apodere
de mim uma revolta, sem fim,
Que me faz
desesperar.
Ao ver
tamanha desfaçatez,
Que me
provoca, por sua vez,
Uma mágoa que
não passa.
Porque a
água, Senhor,
Dá-La Tu, a eles e a todos nós,
de graça.
E, por isso, deve
ser de toda a Humanidade!
E por todos
repartida,
Com amor e
equidade.
Porque sem
água não há vida,
E sem vida
não há Humanidade!
Mas, Senhor,
Fazer
compreender isto ao agiota que passa,
Só com a Tua divina
graça.
Porque ele
quer tudo,
Sem se
importar com a desgraça,
Dos
desprotegidos da raça humana.
E pior que
tudo isto, Senhor,
É ele pensar
que até a Ti engana!...
In: Livro "O acordar das emoções" - Tartaruga Editora
22 de Março – Dia Mundial da Água
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