Não gosto do pai natal.
Ponto final.
Mas não gosto do pai
natal,
Por ele ser um cavalheiro
barrigudo,
De barbas brancas, com um
saco encarnado ao ombro,
Onde finge que leva brinquedos
para dar às crianças.
Com aquele seu ar
bonacheirão,
E o seu hou!…, hou!…, hou!…
Quando vem no trenó, puxado
por renas mansas,
A escorregar na neve até parar
em frente
De um supermercado, apinhado
de gente,
Com uma campainha na mão,
A acenar para crianças
inocentes,
Com um olho nos pais, babados
e contentes,
Convidando-os a entrar para
comprarem uma pistola
Ao rebento, com ar de mariola, ou um carro de combate,
Que trepa pelas paredes, aos
tiros, e não há quem o mate…
Não. Não é por isso que
eu não gosto do pai natal.
É sim, por que vejo nele o
produto acabado
De uma sociedade
consumista, tal e qual.
Uma sociedade que foi
capaz de fazer esquecer o Presépio,
E o espírito, místico, do
Natal.
Com o Deus Menino deitado
na palhinha,
No meio de José e de Maria,
junto da vaca e da burrinha,
Para nos provar que Nasceu
para nos salvar.
Mas esse testemunho,
transcendente e celestial,
Deixou de figurar nas
montras iluminadas da cidade.
Onde outrora, velhos, novos
e crianças, com saudade,
Paravam para ver o Deus
Menino que veio ao Mundo,
Para nos trazer o Amor a
Paz e a Felicidade.
E que agora anda tão esquecido,
também por culpa da igreja,
Que deixou cair o Presépio, e isso não é coisa que
se veja…
Por isso, espero um dia não
entrar numa igreja paroquial
E ver no Presépio o
Menino Jesus deitado, vestido de Pai Natal!...
Quem sabe se sozinho e triste,
a pensar:
Ó minha Gente Amada, olhai
para Mim!
E não Me deixeis aqui ficar,
assim vestido,
Porque se não ainda Começo
a chorar…
Natal de 2015 - João de
Deus Rodrigues
Eu também concordo
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