Mãe,
Do pão que eu mais gostei,
Foi desse, feito da farinha,
Que peneiravas na peneira,
E cozias no forno,
Junto da lareira,
Com a côdea sem adorno.
Que me fazia cócegas quando o
comia,
Contente e a saltitar,
De braços abertos,
Para te abraçar.
E sabes porquê, minha mãe?
Porque tu misturavas nele,
A mística do teu saber.
Na forma circular e na maneira
Como rezavas diante do forno,
Aquecido com ramos de oliveira,
Quando o temperavas com sal
marinho,
Antes de o adormeceres na masseira.
(Esse pão, minha Mãe,
ficou gravado no meu peito menino,
e acompanha os passos do meu destino.)
E sabes por que foi esse pão,
Minha mãe,
Aquele de que eu mais gostei,
E acompanha os passos do meu
destino?
É porque ele também era,
Como sabes bem,
Trabalho do
homem e fruto da terra.
E continha na
sua génese,
O teu abençoado pão,
Não o Corpo Místico de
Cristo,
Mas o saber da tua alma,
E o amor imenso do teu coração.
In Livro “ O Acordar das Emoções” – Tartaruga Editora.
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