sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

O Dia de Reis

O Dia de Reis.


Com que saudade recordo,
O dia seis de Janeiro.
Quando ainda se sentia o cheiro
Das rabanadas do Natal,
Em casa dos meus avós maternos.
E eu adormecia na lareira,
Que crepitava sons eternos!

Enquanto a avó Merência,
Com a sua sábia sapiência,
Narrava a odisseia dos Reis Magos,
A caminho de Belém,
Para adorarem o Deus Menino,
E a Virgem Maria, Sua mãe,

E depois, todos cantavam:

“Já os três Reis são chegados,
Às portas do Oriente.
Visitar o Deus Menino,
Alto Deus omnipotente.

Foram a casa de Herodes,
Por ser o maior reinado,
Que lhes ensinasse o caminho,
Aonde Deus era adorado

Herodes como malvado
E perverso assassino,
Aos três Reis ensinou,
Às avessas o caminho.

Mas os três Reis eram santos,
E uma estrela os guiou.
E para trás de uma cabana,
A estrela se abaixou.

A cabana era pequena,
Não cabiam todos três.
E adoraram o Deus Menino,
Cada um por sua vez.”


Mas depois,
A seguir à puberdade,
Outros dias de Reis vieram,
Cheios de amor e meiguice,
Com o luar vermelho da cidade,
Longe do encanto da meninice…

Na companhia de amigas,
Despidas de preconceitos reais.
Onde não havia monarcas,
Nem trono, nem coroa,
Nem outras realezas que tais.

Mas sim amor a desabrochar,
Como rosa encarnada que floriu,
Num Janeiro diferente dos demais…

  João de Deus Rodrigues

In Livro " O Acordar das Emoções" - Tartaruga Editora