segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Aonde estarão as andorinhas?



 
Já passou o mês de Janeiro,
E à lareira bebeu-se umas pinguinhas.
E comeram-se passas no dia primeiro,
Mas não chegaram as andorinhas!

Acelerado corre o mês de Fevereiro,
E florem as violetas e as campainhas.
Agora mais quente que no dia primeiro,
Mas não chegaram as andorinhas!

Abro a janela e olho para o céu,
Todas as manhãs ao acordar.
Mas não vejo as andorinhas,
Porque tardam em chegar?

Saio de casa de manhãzinha, 
E só vejo montes a verdejar.
Mas não vejo as andorinhas,
Porque tardam em chegar?

Perguntei ao vento se as viu,
No outro lado do mar.
Mas o vento não reagiu,
E ficou triste, quase a chorar.
E eu fiquei ali sozinho,
À espera de as ver chegar.

Então o meu anseio respondeu,
Num tom suave e baixinho,
Que nada lhes aconteceu,
Apenas têm medo do “El Ninho”.

Mas que estivesse descansado,
Lançasse ao vento minha quimera.
Porque elas viriam de todo o lado,
Para anunciar a Primavera.


      João de Deus Rodrigues - 22/02/2016


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

O Carnaval na minha infância - (memórias)



Foi antanho, é passado,
Mas a memória devolve tudo:
Uma mulher, a roca, o linho fiado,
Mas não se fiavam as barbas ao Entrudo!

Mão ágil, fósforo aceso, a estopa queimada.
Uma pedra que sai da mão,
E a cabeça rachada, ao carpinteiro João.

Uma mulher, as estopas a arder,
A ousadia, o drama, a agressão.
                                
Porque os homens da aldeia faziam tudo,
Para que não se fiassem as barbas ao Entrudo,
Para manter viva a tradição.

Enquanto na cozinha, à luz da candeia,
Quatro gerações junto à lareira,
Festejavam o carnaval, sem máscaras,
Essas coisas do demónio tentador.
Porque só eram permitidas brincadeiras
De deitar farinha na cabeça,
E contar “estórias”, não muito brejeiras…  

E toda aquela boa gente,
De cara descoberta, alegre e contente,
Passava a noite de carnaval,
Com uma estridente gargalhada,
Até ao clarear da madrugada...

Era assim o Carnaval na minha infância,
Em casa dos meus avós maternos,
A tão longa distância…
Onde não eram conhecidos corsos carnavalescos,
Nem desfiles de samba, com foliões pitorescos…


     Desejo a todos os meus amigos um BOM CARNAVAL 2016.

         João de Deus Rodrigues