terça-feira, 20 de julho de 2021

 

Os nossos amigos, se verdadeiros amigos, são a continuação da nossa Família! Eu, é assim que considero os meus verdadeiros Amigos, a quem hoje dedico este Poema que escrevi num dia de curva apertada da minha vida, por ser hoje, ao que dizem, o Dia dos Amigos.

 

 

POEMA: Os Amigos

 

 

Parte a família,

Partem os amigos,

Todos se vão embora.

E os que ficam,

Ficam mais sós e tristes,

Á espera da sua hora.

 

 

É por isso que eu digo,

Com toda a sinceridade,

Que é bom ter amigos,

Mas amigos de verdade.

 

 

Daqueles amigos do peito,

A quem se pede um favor,

Sem qualquer preconceito,

Nem dúvidas ou temor.

 

 

Ou se oferece o ombro,

Para chorarem, se for preciso.

E se lhe diz sem assombro,

Tem cuidado, toma juízo.

 

 

Amigos com quem se divide o pão,

Muito ou pouco que haja na mesa.

E se lhes oferece o peito e o coração,

Sem reservas e com franqueza.

 

 

João de Deus Rodrigues

 

 

sábado, 10 de julho de 2021

 

 

CONTRADIÇÕES - I
(Memórias)
 
Aos lavradores quebram-lhe os arados,
Os carros, as alfaias e o enxadão.
E agora há senhores admirados,
Porque nas casas não há pão!
Poluíram os rios, o céu e o mar,
Em solos férteis de aluvião,
Construíram casas para habitar.
E agora há senhores admirados,
Porque nas casas não há pão!
Deixaram ruir azenhas e moinhos,
Derrubaram olivais e lagares de azeite,
As águas destruíram os caminhos,
Nos campos não há gado que dê leite.
Artes das pescas e barcos de pescar,
Apodrecem nas docas, junto ao mar.
Lavradores, pastores e pescadores,
Estão na miséria, metem aflição.
E agora andam aí certos senhores
A dizer, que nas casas não há pão!
Os campos, outrora cultivados,
São agora matagais, silvados, desolação.
Aldeias e Lugares ficam despovoados,
E agora andam aí certos senhores a dizer,
Que nas casas não há pão para comer.
Abateram olivais, pomares e o montado,
E as pessoas do campo definham lentamente.
As linhas de água assorearam demasiado,
Os idosos sentam-se à porta de casas sem gente!
Os doutores das vilas e da cidade,
E os meninos do papá e da mamã,
Vivem stressados no auge da idade,
Sem saberem como vai ser o amanhã!
Os jovens estão cercados por vícios modernos:
Drogas, álcool, perda de valores, prostituição.
Chaves que lhes abrem as portas dos infernos,
Sem dó nem piedade, nem compaixão!
Enquanto alguns se movimentam livremente,
Entre a mentira, o poder e o cifrão...
Enganando a Justiça e toda a gente,
Que definha em casa sem ter pão!
 
CONTRADIÇÕES- II 
 
Mas há culpados desta situação, escura como breu:
Todos os que compram bombardeiros e couraçados,
E sofisticados submarinos nucleares, bem armados,
Capazes de destruírem os mares, a terra e o céu.
Aqueles que possuem equipamentos de visão noturna,
Capazes de identificar um grão de areia no meio da duna!
Os que têm aviões silenciosos, não tripulados,
Para generais ganharem guerras, em gabinetes sentados,
Em continentes onde os governantes
Deixam definhar à fome e à sede, hoje como dantes,
Velhos e novos, mulheres e crianças.
Neste mundo, avarento e desumano,
Que certos senhores vão construindo,
Sedentos de honrarias, fama e glória,
A pensar numa estátua de sal, para ficam na história!
Enganando os humildes, com promessas de leite e mel,
Para depois lhe servirem, sem pudor, uma taça de fel.
E lhes dizerem, com o cutelo em riste, que a culpa não é sua,
Mas sim das guerras, da chuva, do Sol, do luar e da Lua!...
Porque eles, pobres cidadãos,
Não dominam o mundo, como coisa sua.
E, por isso, o mal não vem das suas mãos,
Porque o seu coração é mais generoso que a Lua!
E é com estes comportamentos vil,
Que lágrimas de crocodilo são,
Que enganam o povo servil,
Sem vergonha nem comiseração!
 
Poema já publicado num dos meus livros.
João de Deus Rodrigues

 

Quebraram-lhes os carros, os arados...

 

 

Quebraram-lhes os carros, os arados,

As foices, as enxadas e o enxadão.

E agora dizem que estão admirados,

Porque nas casas não há pão!

 

Deixaram ruir azenhas e moinhos.

Derrubaram olivais e lagares de azeite.

As águas assorearam os caminhos,

Nos campos não há gado que dê leite!

 

Tudo consentiram, sem dizer que não,

Os Ignorantes que agora lhes dizem

Que em casa não há pão!

 

Poluíram os rios e o Mar,

Construíram estradas e casas de habitação

Aonde outrora havia hortas e pomares.

E agora dizem-lhes que em casa não há pão.

 

Os campos, outrora cultivados,

São agora silvados, matagais e desolação.

Aldeias e Lugares ficaram despovoados,

E agora dizem que em casa não há pão.

 

E, no entanto, todos os culpados

Possuem bombas, bombardeiros e couraçados.

Compram sofisticados submarinos nucleares,

Capazes de destruírem a terra, o céu e os mares.

Possuem equipamentos de visão nocturna,

Capazes de verem um grão de areia na duna.

Têm aviões silenciosos, não pilotados,

Com que os seus generais ganham guerras, sentados,

Em continentes onde os governantes

Deixam definhar à fome, hoje como dantes,

Novos e velhos, mulheres e crianças!

Pobres que mais não são, que seres sem esperanças

Neste mundo desumano, desigual e avarento,

Que o Homem vai construindo, sedento de alcançar a fama e glória,

A pensar que fica na história!

 

Enganando o povo que os elegeu,

Com promessas de leite e mel,

Que lhe prometeu,

Para depois lhe dizer, com o cutelo em riste,

Que a culpa não é sua,

Mas sim, do Outro, da Terra, do Sol e da Lua!

Por isso, ele sente-se triste e pede perdão,

E diz que a culpa não é sua!

 

( revisto e já publicado no livro 5 de poesia)

 

sábado, 10 de abril de 2021

 

ABRIL E A LIBERDADE
 
 
Na alvorada da Liberdade
Peguei nos meus filhos pequeninos pela mão,
Nessas manhãs claras que o tempo libertava,
E caminhámos no meio da esfuziante multidão,
Que comungando dos mesmos ideais, lutava. 
 
 
Não queria, tinha a mim mesmo prometido,
Que as estradas que se abriam ao nosso querer,
Jamais apontassem na direcção de um só sentido,
Ou alguém cativasse a Liberdade, acabada de nascer. 
 
 
Por isso, eis que agora em Abril rompe de novo,
O grito dos Poetas, espalhado pelas avenidas,
Que é bom lembrar Camões e Goya ao Povo,
Para que a memória esteja presente no futuro,
De todos os que queiram viver na Cidade,
Para perpetuar nas avenidas o grito Liberdade. 
 
 
In Livro “O Acordar das Emoções” – Tartaruga Editora

sábado, 30 de janeiro de 2021

 

As andorinhas

 

Ei-las, que são chegadas,

As desejadas andorinhas!

Vêm de longe, chegam cansadas,

As esbeltas avezinhas.

 

Velozes, passam e repassam,

Em frente da minha janela, chilreando.

Como quem faz um cumprimento,

A quem as está esperando.

 

Trazem novas da viagem,

Decifrá-las quem me dera.

Mas dão-me uma mensagem:

Vai chegar a Primavera.

 

        João de Deus Rodrigues

                    Fevereiro de 1974