sábado, 10 de julho de 2021

 

Quebraram-lhes os carros, os arados...

 

 

Quebraram-lhes os carros, os arados,

As foices, as enxadas e o enxadão.

E agora dizem que estão admirados,

Porque nas casas não há pão!

 

Deixaram ruir azenhas e moinhos.

Derrubaram olivais e lagares de azeite.

As águas assorearam os caminhos,

Nos campos não há gado que dê leite!

 

Tudo consentiram, sem dizer que não,

Os Ignorantes que agora lhes dizem

Que em casa não há pão!

 

Poluíram os rios e o Mar,

Construíram estradas e casas de habitação

Aonde outrora havia hortas e pomares.

E agora dizem-lhes que em casa não há pão.

 

Os campos, outrora cultivados,

São agora silvados, matagais e desolação.

Aldeias e Lugares ficaram despovoados,

E agora dizem que em casa não há pão.

 

E, no entanto, todos os culpados

Possuem bombas, bombardeiros e couraçados.

Compram sofisticados submarinos nucleares,

Capazes de destruírem a terra, o céu e os mares.

Possuem equipamentos de visão nocturna,

Capazes de verem um grão de areia na duna.

Têm aviões silenciosos, não pilotados,

Com que os seus generais ganham guerras, sentados,

Em continentes onde os governantes

Deixam definhar à fome, hoje como dantes,

Novos e velhos, mulheres e crianças!

Pobres que mais não são, que seres sem esperanças

Neste mundo desumano, desigual e avarento,

Que o Homem vai construindo, sedento de alcançar a fama e glória,

A pensar que fica na história!

 

Enganando o povo que os elegeu,

Com promessas de leite e mel,

Que lhe prometeu,

Para depois lhe dizer, com o cutelo em riste,

Que a culpa não é sua,

Mas sim, do Outro, da Terra, do Sol e da Lua!

Por isso, ele sente-se triste e pede perdão,

E diz que a culpa não é sua!

 

( revisto e já publicado no livro 5 de poesia)

 

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