quinta-feira, 30 de julho de 2015

As sombras azuis do mar...



 Ainda afloram ao meu pensamento,
Os sorrisos e as lágrimas da infância.
Quando conversava sozinho,
Com o espírito dos montes e das águas,
Na solidão dos caminhos,
Confidentes das minhas mágoas,
E ouvia o silêncio das pedras a murmurar,
Com o linguajar das águas,
Que brotavam do ventre da terra-mãe,
Sem que eu o soubesse decifrar.
Porque ainda não compreendia,
Que o silêncio das pedras e o linguajar das águas,
Que brotam do ventre da terra-mãe,
São enigmas que só o vale sabe decifrar,
E mais ninguém!

Mas era enorme o meu êxtase,
Quando olhava para as pedras altivas dos montes.
E via nelas uma princesa enamorada, nua,
A pentear os cabelos de oiro em frente da Lua.
E que me protegia do medo da solidão,
Quando lhe acenava, como a dizer adeus,
Pensando que ela sabia os pensamentos meus…
Que em turbilhão levitavam no ar,
Desde que sonhei com as sombras azuis do mar.


    Livro "Memórias e Divagações" - Poética Edições



domingo, 19 de julho de 2015

Está azul o céu




  
Neste espaço luzento
Em desassossego
Lanço o meu lamento

E olho para o céu
E está lindo
Azul
Da cor do mar

Mas há homens  
Que o não querem ver
Que o não querem desfrutar.

Talvez estejam cegos
Deixaram de sonhar

Homens
Façam como eu
Olhem o azul do céu
Escutem as ondas do mar.

    João de Deus Rodrigues


         19 de Julho de 2015



sexta-feira, 10 de julho de 2015

Um Poema para Maria Barroso



                      
Partiste
Maria de Jesus
Calou-se para sempre a tua voz
Amiga suave e calma
Como um raio de luz.
Que descanse no céu
Em paz
A tua alma

Era madrugada
E o céu estava sereno e limpo
Quando as deusas
Sentindo-se sós
No Olimpo
Te reclamaram
Junto delas
Para ouvirem a tua voz.

A voz segura e meiga
De uma deusa dos mortais
Que resoluta
Se juntou a elas
Que a receberam
De braços abertos
E lhe ofereceram rosas
Vermelhas e amarelas.

E Calíope
Lhe rogou que recitasse
Para elas ouvirem  
Sem sacrilégio
Um poema
De Deus e do Diabo
Do seu amigo José Régio.

                  João de Deus Rodrigues
            
                    8 de Julho de 2015