quinta-feira, 30 de julho de 2015

As sombras azuis do mar...



 Ainda afloram ao meu pensamento,
Os sorrisos e as lágrimas da infância.
Quando conversava sozinho,
Com o espírito dos montes e das águas,
Na solidão dos caminhos,
Confidentes das minhas mágoas,
E ouvia o silêncio das pedras a murmurar,
Com o linguajar das águas,
Que brotavam do ventre da terra-mãe,
Sem que eu o soubesse decifrar.
Porque ainda não compreendia,
Que o silêncio das pedras e o linguajar das águas,
Que brotam do ventre da terra-mãe,
São enigmas que só o vale sabe decifrar,
E mais ninguém!

Mas era enorme o meu êxtase,
Quando olhava para as pedras altivas dos montes.
E via nelas uma princesa enamorada, nua,
A pentear os cabelos de oiro em frente da Lua.
E que me protegia do medo da solidão,
Quando lhe acenava, como a dizer adeus,
Pensando que ela sabia os pensamentos meus…
Que em turbilhão levitavam no ar,
Desde que sonhei com as sombras azuis do mar.


    Livro "Memórias e Divagações" - Poética Edições



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