quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Onde andará a minha andorinha?




Onde andará a minha andorinha,
Que não há meio de chegar!
Será que vinha sozinha,
E se perdeu no alto mar?

Que venha,
Tem alguém à sua espera.
Para a ouvir chilrear,
A anunciar a Primavera.


    João de Deus Rodrigues


Charneca, 27 de Fevereiro de 2018

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

O Carnaval na minha infância (memórias)



Foi antanho, é passado,
Mas a memória devolve tudo:
Uma mulher, a roca, o linho fiado,
Mas não se fiavam as barbas ao Entrudo!

Mão ágil, fósforo aceso, a estopa queimada.
Uma pedra que sai da mão,
E a cabeça rachada, ao vizinho Sebastião.

Uma mulher, as estopas a arder,
A ousadia, o drama, a agressão.
                                
Porque os homens da aldeia faziam tudo,
Para que não se fiassem as barbas ao Entrudo,
Para manter viva a tradição.

Enquanto na cozinha, à luz da candeia,
Quatro gerações junto à lareira,
Festejavam o Carnaval, sem máscaras.
Essas coisas do demónio tentador,
Porque só eram permitidas brincadeiras,
De deitar farinha na cabeça,
E contar “estórias”, leves e brejeiras…  

E toda aquela boa gente,
De cara descoberta, alegre e contente,
Passava a noite de Carnaval,
Com uma estridente gargalhada,
Até ao romper da madrugada...

Era assim o Carnaval na minha infância,
Em casa dos meus avós maternos,
A tão longínqua distância!
Onde não eram conhecidos corsos carnavalescos,
Nem desfiles de foliões, pitorescos.

                          João de Deus Rodrigues

sábado, 3 de fevereiro de 2018

A chegada das andorinhas




Já estou atento ao céu,
Não para ver estrelinhas.
Mas porque é hábito meu,
Ver chegar as andorinhas.

Ouvi-las chilrear,
Nos beirais da minha casa.
Onde fizeram os ninhos,
Para criarem os filhinhos.

Oh!, vê-las quem me dera,
Chilreando bater as asas.
Anunciando a Primavera,
Regressar às suas casas.

Não lhe destruam os ninhos,
Peço-vos, com razão!
Elas só comem bichinhos,
Deixem-nas em paz, então.

Porque voam sobre a terra e o mar,
Para regressarem a casa, por sinal.
Sem mapas nem GPS para as guiar,
Porque são nossas, aves de Portugal.

   João de Deus Rodrigues

             Mosteiro /3 de Fevereiro de 2018