domingo, 20 de julho de 2014

Queria tanto interrogar-te, ó mar!


Ó abençoado Mar!
Coisa tão generosa como tu,
Só a Terra- mãe,
Que te embala num abraço,
Como se fosses uma criança terna,
A brincar no seu regaço.

Pudesse eu cantar uma Ode tua,
E ouvir os murmúrios que segredais,
Tu e a tua amiga Lua,
Quando na praia vos encontrais.
Mas deixa que te pergunte uma coisa:
Porque soltas tufões em guerra,
Que causam sofrimento à mãe-terra,
Em oposição à generosidade e cuidado,
Com que alimentas os seus filhos,
Com o teu peito anafado?

Por isso, terno e doce mar salgado,
É com profundo respeito,
Que te peço que descanses no teu leito,
Sereno e sossegado,
E aceites os meus agradecimentos,
Pelas alas que abriste aos Portugueses,
No seu feito, epopeico, dos Descobrimentos.

E sobre isto,
Queria tanto interrogar-te, ó Mar!
Para saber o que é feito desses bravos mareantes
Que sepultaste no teu leito, sem cessar,
Onde jazem, esquecidos e distantes,
Longe do torrão sagrado, à tua beira plantado,
Onde mães e namoradas os foram esperar,
Em manhãs de nevoeiro, e noites de preia-mar,
E eles não regressaram, para elas os beijar!



              (Poema a publicar no meu próximo livro de poesia)



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