quinta-feira, 21 de abril de 2016

O fim de um sonho de Abril?...



Envolto na memória do dia,
Desci ao coração da cidade.
Onde só encontrei olhos sem alegria,
E semblantes sem felicidade.

Então meditei, apreensivo,
No porquê daquele ar medonho.
E quais as causas e o motivo,
Por que as pessoas descriam do sonho.
E cambaleavam na penumbra dele,
Ao encontro da vil tristeza.
Quando ontem sonhavam com cravos e rosas,
Cuja fragrância era uma imensa esperança,
Que o sonho de Abril trouxera,
A todas as pessoas da global Cidade
Que ali encontrei, descrentes,
A olharem para as estátuas das avenidas,
Que presenciaram, complacentes,
Os gritos de alma das suas vidas.
Cheias de esperança num porvir,
Que agora se esvaeceu,
Como as notas musicais da Lyra de Orfeu.

Como o testemunhava o estudante
Que meditava, sentado na esquina
Da movimentada avenida, errante,
Abraçado à sebenta, à capa e à batina.
Ou o idoso, cansado da servidão,
Que ostentava um cartaz no peito,
A pedir ajuda, com respeito,
Para enganar a dor da solidão.

E foi então que pensei:
Mataram o sonho desta gente!
E reparei no arrulhar de um pombo, ali presente,
Que levantou voo para um telhado,
Onde uma gaivota, ferida,
Grasnava de asa partida.

E foi nessa ocasião que, próximo da emoção,
Me retirei com a necessidade
De respirar novos ares de mudança.
Porque tudo parecia morto na cidade,
Excepto o querer da minha Esperança.

Porque essa, estou em crer,
Será, em mim, a última coisa a morrer.

         25 de Abril de 2012

         Livro "Memórias e Divagações" - Poética Edições




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