PARABÉNS A TODOS OS AVÓS DE PORTUGAL.
Eu fui criado com os meus avós maternos, na aldeia de Talhas, dos
dois até aos oito anos, altura em que regressei a casa dos meus pais
para ir frequentar a Escola Primária em Morais. Tive uma infância feliz!
Com que saudade recordo os passeios que dávamos, a cavalo no cavalo, e
das histórias que o meu avô me contava ao serão, na horta de Salgueiros,
onde dormíamos no Verão, ou do raminho de flores que a minha avó
Merência me punha na lapela do casaco, para irmos à missa.Talvez não
haja dia nenhum em que eu não pense neles, e reze pela sua alma!
Um bem-haja aos meus queridos avozinhos. Em sua homenagem, aqui deixo um
poema que dediquei ao meu avô materno. E umas flores do meu quintal.
POEMA
A apresentação do Mar
Era Inverno, tudo alagado.
Avô, neto e cavalo, o trio.
A chuva tinha amainado,
No vale, furioso, passava o rio.
Águas cor de barro, tumultuosas,
Apertadas no granito, furiosas,
Tinham pressa de chegar,
Ali ao Douro, mais além, ao mar.
Vinham de Espanha,
Cavalgando rochas ao passar.
E de frente, na montanha:
- Olha, meu filho, é assim o mar!
O Mar!
- O que é o mar, avô?
- Nunca o vi, meu filho!
Mas deve ser grande,
Como aquele rio!
- E para onde vai o mar, avô?
- Para lá. Para além do fim do mundo.
- E é longe, avô? Podemos ir ver?
- Deve ser, deve ser.
- Levas-me lá, ao fim do mundo?
Vamos tu, eu e o cavalo.
- Não sei o caminho, meu filho,
Nem como procurá-lo!
- Seguimos o sol, até o encontrar.
- Já estou velho, meu filho,
É tempo de ficar.
Mas vai tu.
Vai tu saber do mar,
E quando o encontrares,
Vem por mim, pro abraçar.
In Livro: “O Clamor dos Campos" Tartaruga Editora.
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