terça-feira, 6 de maio de 2014

O Jardim do Rapaz de Bronze


                                      Recordo-me, com saudade,
Embora o tempo já vá longe,
De nos sentarmos sorridentes,
No Jardim do rapaz de bronze.
E de ele, com o olhar fixo em nós,
À sua frente, ver-nos de mão dada,
Na luz fulgente, da noite estrelada,
Quando éramos francos nas palavras,
E nos gestos comedidos.
Mesmo perante o fogo da paixão,
Que ateava o impulso dos sentidos,
Ao ritmo do bater do nosso coração.

Eram tempos da mocidade florida,
Que nem as sombras esvoaçando,
Embaraçam o rubor das cantigas,
Dos namorados ao luar trovando...

E por cima de nós, atentas e serenas,
Observando a nudez das nossas almas,
Crepitavam as estrelas, lá longe,
Ao compasso do nosso beijo apaixonado,
Diante do rapaz de bronze.
Que nos observava, com ciúme desmesurado,
Tentando compreender a nudez
Do nosso enlevo, nessa noite quente de Verão,
Quando a paixão sufocava as palavras:
Amo-te, amor do meu coração,
E a nossa inocência se quebrou,
Diante do rapaz de bronze,
Que ofegante nos acenou, 
Quando nos despedimos dele,
Depois de ter presenciado, com emoção,
O nosso primeiro beijo, delicado,
Nessa noite cálida de Verão.


Publicado no livro: "O Acordar das Emoções" - Tartaruga Editora. 




Sem comentários:

Enviar um comentário