Queria tanto ver-te, ó mar!
Saber como era a tua arte,
E o teu pensar.
Por isso, quando te alcancei,
Foi o deslumbramento:
O Gama, o Zarco, o Cabral,
O Bartolomeu, e os Tormentos,
S. Francisco, a missionar,
E o teu cheiro, ó mar!
Eu, que só vira o rio Sabor,
O meu mar menino, de amor!
Depois voltei para te ver
Mais uma vez, e outra vez mais.
Mais uma vez, e outra vez mais.
Tentar descobrir no teu silêncio,
O Adamastor e outros monstros das Tormentas.
E o Camões, com a Poesia na boca,
Em segredo,
Desembainhar a espada,
Desembainhar a espada,
E enfrentar o seu degredo.
Porque me tinham dito,
Que tudo isso era teu segredo,
Ó mar!
Como eram segredos teus as Sereias de Ulisses,
E o seu cantar de marinheiro,
Quando embalavam a cidade,
Que te presenteia,
Com a sua intimidade.
Com a sua intimidade.
E também queria provar teu sal.
E ouvir-te suspirar na areia,
Ao fazeres amor com ela,
Nas noites de Lua cheia.
Era tudo isto, ó mar,
Que trazia guardado,
No meu peito imaculado,
Para te perguntar.
Mas tu, meu doce mar salgado,
Porque és tímido e reservado,
Mantiveste-te calado,
Ao meu desejo pertinente.
Mas, mesmo assim,
Desde esse dia,
Fiz de ti meu confidente.
Publicado no livro: "Passagens e Afectos" - Tartaruga Editora.
Publicado no livro: "Passagens e Afectos" - Tartaruga Editora.
Sem comentários:
Enviar um comentário