terça-feira, 26 de julho de 2016

A Minha Avó Lucinda (*)



 Recordo-me tão bem de ti,
Avó Lucinda.
E te ver sorrir, já velhinha,
Quando eu, criança ainda,
Brincava com o meu pião,
No largo de S. Sebastião.

E tu, avó Lucinda,
Também sabias sorrir.
E quando o fazias,
Eras tão linda!

E o que é mais engraçado,
E me faz gostar tanto de ti,
É porque tu, além disso,
Pariste dezoito filhos,
Deitada num colchão de palha,
Num quarto sem tábuas,
Da tua humilde habitação,
Onde havia mais bocas do que pão.

E dar à luz dezoito filhos,
E criá-los com dedicação,
Eram muitos cadilhos,
Querida avó, do meu coração!

Mas era por isso que tu tinhas
Um sorriso de felicidade.
Que nascia no teu coração,
E eu te achava tão linda!
Minha querida avó Lucinda.

In Livro " Passagens e Afectos" - Tartaruga Editora - * Poema revisto.


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