domingo, 4 de dezembro de 2016

Não gosto do Pai Natal... (um quase poema)





Não gosto do pai natal,
Ponto final.

Mas não gosto do pai natal,
Por ele ser um cavalheiro barrigudo,
Com barbas brancas e um saco encarnado ao ombro,
Onde finge que leva brinquedos para dar às crianças,
Com aquele ar bonacheirão e o seu:
Hou!…, hou!…, hou!…
Quando vem no trenó, puxado por renas mansas,
A escorregar na neve até parar em frente
De um supermercado, apinhado de gente,
Com uma campainha na mão.
A acenar para crianças inocentes,
Com um olho nos pais, babados e contentes,
Convidando-os a entrar para comprarem uma pistola
Ao rebento, com ar de mariola, ou um carro de combate,
Que trepa pelas paredes, aos tiros, e não há quem o mate…

Não. Não é por isso que eu não gosto do pai natal.
É sim, porque vejo nele o produto acabado
De uma sociedade consumista, tal qual.
Que foi capaz de fazer esquecer o Presépio,
E o espírito, místico, do Natal.
Com o Menino Jesus deitado na palhinha,
No meio de Maria e José, junto da vaca e da burrinha,
Para nos provar que Nasceu para nos salvar.

Mas esse testemunho, transcendente e celestial,
Deixou de figurar nas montras iluminadas da cidade.
Onde outrora, velhos, novos e crianças, de qualquer idade,
Paravam para ver o Deus Menino que veio ao Mundo,
Para nos anunciar o Amor a Paz e a Felicidade.
E que agora anda tão esquecido, por culpa da igreja,
Que deixou cair o Presépio, e isso não é coisa que se veja…
Por isso, espero um dia não entrar numa igreja paroquial,
E ver no Presépio o Menino Jesus deitado, vestido de Pai Natal!...
Quem sabe se sozinho e triste, a pensar:
Ó minha Gente Amada, olhai para Mim!
E não Me deixeis aqui ficar, assim vestido,
Porque se não ainda Começo a chorar…

(Poema a incluir no meu novo livro de poesia, a publicar brevemente)  
João de Deus Rodrigues

Sem comentários:

Enviar um comentário