domingo, 18 de novembro de 2018

OS POBRES



Ninguém há de parar,
O grito e o lamento,
Que lancei ao mar,
E semeei no Vento.
Cheio de esperança na equidade,
Para que se entenda esta simples verdade:
A pobreza é culpa do Homem!
Porque há tanto pobre,
Que nada fez para ser pobre,
E tanto rico que se serve deles, para ser rico,
Que o meu pensamento deixa de ser nobre,
Na revolta com que fico,
Ao ver caídos no alheamento,
Os que estendem a mão,
Mendigando a caridade,
Das migalhas que sobram,
Dos jantares lautos,
Dos donos da Cidade.

(Onde a opulência e a usura campeiam,
E a luxúria e o despotismo se enleiam.)

Mas os pobres,
Filhos de pobrezinhos,
Que de seu só têm ruas para mendigar,
Hão de um dia deixar de o ser!
Quando se ouvir o lamento,
Que semeei no vento,
E o grito, que lancei ao mar:
A pobreza é culpa do Homem!
Por isso,
Senhores da Cidade,
Escutai a minha angústia,
E a límpida verdade,
Que tenho para vos dar:
Quem tira aos pobres rouba a Deus,
E todos temos contas para Lhe prestar.

        João de Deus Rodrigues

In Livro, “O a acordar das emoções” – Tartaruga Editora

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