A Primeira Água que Bebi
A primeira água
que me deste a beber,
Minha Mãe, foi
na concha da tua mão,
Tinha eu
acabado de nascer.
E parece que te
estou a ver,
A segurares-me,
maternalmente,
Nas palmas das
tuas mãos de luz,
Quando emergi do
primeiro banho,
No teu quarto
caiado de branco,
No dia que me
deste à luz.
E foi nesse
banho,
Minha Mãe, que
tu, então,
Levaste na
concha da tua mão,
Finas gotas de
água cristalina
Aos meus
lábios, e disseste:
Bebe, meu
filho, a água que temperaste,
Para que
ninguém te moleste.
E eu bebi uma
gota dessa água sem sal,
E
aconchegaste-me na toalha de linho,
Estendida no
teu regaço maternal,
E enxugaste o
meu corpinho, frágil e fino,
E levaste-me ao
peito, generoso e anafado,
Para que
mamasse o teu leite abençoado.
(Eu sei que
foi assim, minha Mãe,
Porque está
no meu coração gravado.)
Mas depois eu
cresci,
Minha Mãe, e
parti.
Mas o meu
coração cresceu também,
Para tu caberes
nele, sempre igual,
A esse dia
primordial,
Que me destes a
beber essa água,
Na concha da
tua mão.
E deixei-te
ficar sozinha,
Por não te
poder levar comigo, minha Mãe.
E, por isso,
Mãe, é grande a minha mágoa.
E continua
triste o meu coração!
João de Deus Rodrigues
Publicado no
Livro “ O acordar das Emoções” – Editora Tartaruga.
Um poema de terna e saudosa emoção.
ResponderEliminarFiquei com curiosidade em conhecer as telas de cariz rural e que fala.
Porque não as revela no blog?
Abraço amigo.
Juvenal Nunes
Bons poemas João de Deus, poeta transmontano.
ResponderEliminarAbraço,
JG80