domingo, 23 de fevereiro de 2014

Pais Sem Tempo


         

Olham-se num longo beijo apaixonado,
Como se a ausência tivesse sido eterna. 
Olhos nos olhos, ignoram tudo a seu lado,
Até o filho que vem ao colo dela,
Dormindo serenamente, aconchegado.

E novo olhar e outro beijo comovente.
Neles só os olhos falam, porque talvez
Os lábios não saibam que dizer mais,
Diante de quem dorme profundamente,
Alheio ao silêncio dos seus pais.

Só depois se ouvem as primeiras palavras,
Daquela menina mãe:
- Vês, meu amor, este é o nosso filho!
Estás contente?
E o menino, seu pai, beija-os ternamente.

Depois, olham-se novamente em silêncio,
Com a esperança, talvez,
Que haja em casa uma avó querida,
Capaz de criar os três!



(Publicado no livro: "Passagens e Afectos" - Tartaruga)


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