De passo leve, e sorriso de menina,
Passeavas o encanto da tua juventude,
No esplendor da inocência cristalina.
E os teus seios virgens, cheios de virtude,
Faziam-me lembrar duas romãs coradas
A saltitar em salvas de prata, cinzeladas,
Alheios à cobiça de olhares fortuitos
E de mãos ávidas de acariciar teus frutos.
Mas tu passavas e voltavas a passar,
Na fogosidade da mocidade desprendida,
Sem te dares ao cuidado de me olhar,
Quando te pavoneavas pela avenida,
De sapatos leves no pé, a dar a dar,
E gestos graciosos da cintura,
Projectados no meu peito a palpitar.
E era assim, nessa graça desprendida,
Que os teus seios me faziam lembrar
Duas romãs vermelhas,
Numa taça de prata cinzelada, a saltitar!
( Publicado no livro: "Passagens e Afectos" - Tartaruga Editora )
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