segunda-feira, 9 de junho de 2014

Outro Dia de Portugal!


 
Disseram-me, que hoje
Ia ser o Dia de Portugal.
Levantei-me cedo, abri a janela,
E olhei em frente, para o pálido telhado,
E vi que o sol estava ausente,
E o dia triste e embaciado.

Então interroguei-me, ao ver o dia triste,
Como estava eu, tal qual:
Mas será que hoje é o dia do Portugal,
Que piedosos santos e bravos marinheiros
Construíram, com lágrimas de saudade e sal,
Quando partiram em frágeis barcos pioneiros,
Para abrirem caminhos no deserto mar,
Por esse mundo além, a marear?

Sim. Será este o dia do Portugal
Da porta escancarada e aberta,
Daquela madrugada triunfal,
Que nos cantou a poeta?

Do Portugal que nossos avós ousaram construir, dia a dia,
Com trabalho e equidade, em paz e liberdade,
Com a sua sábia sabedoria?

Ou será um Portugal outro,
Neste mundo avaro e louco,
Onde se mandam emigrar,
Os melhores de todos nós,
Como no tempo dos nossos avós?

Um Portugal maneirinho,
Desde o Algarve até ao Minho...

Um Portugal sem esperança e ambição,
De ombrear com qualquer outra nação,
Que tenha orgulho no seu povo secular?

Depois de tanta interrogação,
Triste e o coração dorido,
Abri novamente a minha janela.
E o que vi, através dela,
Foi andorinhas migrantes,
Vestidas de branco e luto,
A voarem rente ao chão,
Escorregadio e enxuto!

Enquanto lá longe, olhando para outro lado,
Alguém de peito medalhado,
Carregando mérito e valor,
Talvez não saiba, não,
Que há andorinhas vestidas de branco e luto,
Que rasam o chão da minha rua, escorregadio e enxuto,
Preparando a dolorosa emigração!

Ou quem sabe, se por sinal,
Há quem não conheça as andorinhas da minha rua.
Há quem não conheça Portugal!


      10 de Junho de 2013


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