sexta-feira, 21 de março de 2014

Escrever Poesia...


                                                     

Então, pego numa folha de papel,
E começo a escrever Poesia,
Absorto nos pensamentos,
Alheado da fantasia.

Escrevo uma página inteira.
Depois, escrevo outra, e outra...
Tantas páginas a escrever!
Como se o mundo não existisse,
Nem eu fizesse parte dele.

Acordo já noite avançada,
E então leio e medito:
Que Poesia posso eu escrever,
Que palavras posso eu dizer,
Que outros não tenham dito?

Sim. Que posso eu poetar,
Que os Poetas não tenham escrito?
Que posso eu, pobre coitado,
Emprestar à Poesia,
Que os Poetas não tenham cantado:
A Mãe e o Amor; as Estrelas e o Mar;
A Família e os Amigos; a Lua e o luar;
A Guerra e a Paz; os Mártires e os Heróis;
A Sorte e o Azar; a Vida e a Morte;
O Céu e a Natureza; a Vileza e a Palavra honrada;
A Morte e a Dignidade; o Amante e a Amada;
O Velho e a Criança; a Fé e a Esperança;
O Pecado e a Justiça; a Diligência e a Preguiça...

Enfim,
Já tudo foi escrito e dito,
Cantado e poetado,
Sem ser por mim,
Sem se gastarem as palavras.

Então que posso eu dar à Poesia,
Que outros não lhe tenham dado?

Mas depois pensei comigo assim:
Ah!, já sei, dou-lhe o meu coração.
Porque esse, ninguém lho pode dar por mim!

               Livro “ O Acordar das Emoções” - Tartaruga               

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