domingo, 30 de setembro de 2018

No Cais Junto ao Rio



Aqui, junto ao Rio,
Ergue-se o Cais,
Por onde passou, gélido e frio,
O coração de mães e pais,
No último adeus menino,
Da minha geração.
Quando, entregue ao destino,
Partia no cumprimento da Missão.

Para mais à frente,
Além-mar,
Noutros Portos,
Em outros Cais,
Alguém lhe ordenar,
Com voz firme, obedecida:
- Em frente, marchar, marchar,
Até a Missão ser cumprida.

Quando para trás,
No alto mar,
Lançado em segredo,
Ficava sepultado o medo,
Da idade sem medo.

E mais à frente, no mato,
Pacífico e longo,
Se ouvir, entre picadas e o capim,
A lei das armas, a dançar com a morte,
Em Nambuangongo.

E depois, mais tarde,
A este Cais de partida,
Nem todos regressaram com vida,
Dessa ingrata missão.
A que uns disseram sim,
E outros disseram não.

In Livro: “ Memórias e Divagações” -  Poética Edições



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