segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

As Mãos



São as mãos que fazem a guerra.
E é com elas que se constrói a paz.

É com as mãos que o homem é capaz
De cavar a sepultura e a terra,
E de acariciar crianças ternas,
Que mimam com as suas mãos,
Os seios e as mãos maternas.

E são mãos que amparam crianças,
No aconchego do regaço terno.
Embaladas pelas mãos das suas mães,
Quando lhe dão o leite materno.

E são mãos vorazes,
Que provocam dor e sofrimento.
Quando se tornam tenazes,
Incandescentes,
De mãos suplicantes,
Cruzadas no peito dos inocentes.

E é com as mãos que se escreve a poesia,
Que o coração dita, e a alma consente.

E é com as mãos que se segura o leme
De barcos, que outras mãos construíram
Para sulcarem os céus e os mares.

E são mãos piedosas,
As que, nas convulsões da morte,
Amparam velhinhos
De mãos trémulas e rugosas.

E é com as mãos que se cavam canteiros
De cravos e rosas.
Que outras mãos vão colher,
Para entregar em mãos maravilhosas,
Que seguram outras mãos, acabadas de nascer.

É com as mãos que o homem é capaz
De tudo fazer e desfazer.
Por impulsos de amor e raiva,
Desde o nascer ao morrer.


(Publicado no livro "O Acordar das Emoções" - Tartaruga)