Os
campos da minha aldeia estão tristes,
Sozinhos
e abandonados, na solidão da noite,
À
erosão do tempo.
Eles
não querem estar assim e clamam:
-
Homens e mulheres, trazei crianças e animais.
Vinde
depressa, para nossa companhia.
Precisamos
das carícias das vossas mãos,
Do som
dos vossos passos,
Do
grito dos vossos filhos,
De
escutar a vossa voz.
Regressem.
Não nos deixem ficar sós!
Até o
uivar dos lobos e o balido das ovelhas
Nos
abandonaram.
Os
pastores, tristes, derrubaram as cabanas,
Levaram
os cães e partiram.
Os
lavradores, esquecidos primeiros,
Levaram
consigo o chiar dos carros,
O
ranger do arado e o canto dos ceifeiros.
Já nem
o pedinte, mendigando o pão de cada dia,
Nos
faz companhia.
Só nos
restam as flores silvestres,
Que o
fogo não consumiu.
As
aves com seu cantar.
O
cintilar das estrelas.
E os
rios que vão pró mar.
São mágoas
que nos consomem,
Com a tua
ausência, homem.
(Publicado no livro "O Clamor dos Campos" - Edições Colibri)
(Publicado no livro "O Clamor dos Campos" - Edições Colibri)